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Transformações da sociedade, aceleradas com a pandemia, exigem um novo perfil de educador: multifacetário e aberto ao aprendizado contínuo. O que deve ser prioridade na nova formação de professores?

As demandas das transformações da sociedade no século 21 já vinham mostrando a necessidade de construção de um novo perfil de professores. A chegada quase que simultânea da base nacional curricular e a inserção da tecnologia no ensino, especialmente durante a pandemia do novo coronavírus, apontam para a urgência no surgimento de docentes multifacetários e abertos para o aprendizado contínuo.

Diante da crise, a categoria mostrou que é capaz de superar adversidades. Mas os professores ainda precisam desenvolver novas habilidades e competências para proporcionar bons momentos de ensino-aprendizagem daqui para frente. Na opinião de Luciana Allan, diretora técnica do Instituto Crescer , são muitas as habilidades e competências necessárias aos professores contemporâneos. Mas destaca cinco, em especial.

“Diria que as mais importantes são habilidades para desenhar aulas para oferta em ambientes híbridos, habilidades de comunicação e expressão em diferentes meios, capacidade de trabalhar com dados para direcionar o processo de aprendizagem e personalizar o ensino, promover a cidadania digital e capacidade de aprender e desaprender sempre”, disse Luciana, ressaltando que, de imediato, é preciso também melhorar “o foco”.

Para Luciana Allan, principalmente agora, com a experiência que os prfessores estão adquirindo por meio do ensino remoto, será preciso colocar “mais foco” no desenvolvimento das competências cognitivas básicas, socioemocionais e digitais dos estudantes, e menos no currículo. Isso porque, cada vez mais, o conteúdo está disponível, a qualquer hora, em qualquer lugar, e a partir de qualquer mídia.

“O que os estudantes precisam aprender é como acessá-lo, como interpretá-lo, como gerar novos conhecimentos e criar coisas novas, a partir do que tiveram acesso e das relações que estabeleceram”, explicou a diretora técnica.

Gestão precisa investir em formação e incentivar experimentação

Com tantas ferramentas tecnológicas possíveis de serem utilizadas hoje em dia, seja para apoio ao ensino presencial ou remoto, o que precisa ser aprimorado, num primeiro momento, para as boas (e atualizadas) práticas da profissão, para Luciana Allan, é a coragem de ousar.

“É preciso acreditar que até mesmo a distância é possível promover um processo de aprendizagem incrível. Tudo isso, lógico, pensado a partir de um planejamento bem estruturado, com objetivos claros e compartilhados com os estudantes”, disse a diretora do Instituto Crescer.

A pedagoga e diretora da Tríade Educacional , Lilian Bacich, acredita que uma nova formação de professores precisa ser repensada em muitas instituições. “Não vou generalizar dizendo todas, mas posso arriscar dizer que é na maioria. Muitas vezes, é um formação pontual, na semana pedagógica”, disse, ao explicar que isso não bastará mais.

Especialista em metodologias ativas e ensino híbrido, Lilian Bacich considera que os professores já avançaram muito neste ano. Mas, na sua opinião, não é apenas o conhecimento e a aplicação de recursos em aulas enriquecidas por tecnologia que devem ser enfatizado quando se pensa na reformulação da formação de professores. A educadora citou uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que ressalta a importância de uma formação com foco na coerência, continuidade, metodologias ativas, conhecimento do conteúdo. Acrescento, da conexão entre metodologias, conteúdos e tecnologias.

“A gestão precisa auxiliar o professor a experimentar. Isso quer dizer que precisa valorizar a experimentação como etapa do processo formativo. Dar espaço e condições para o planejamento e para a formação de comunidades de aprendizagem entre os docentes, assumir-se como parceiro nesse desenvolvimento de competências. Estão [os gestores] ao lado da equipe, mas, ao mesmo tempo, dando condições para que ela avance”, pontuou a diretora da Tríade Educacional.

BNC norteará as adequações nos currículos de Pedagogia e licenciaturas

O Conselho Nacional de Educação (CNE)  criou uma Base Nacional Comum (BNC)  para a nova formação de professores referenciada nos mesmos princípios e fundamentos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) . Essa base comum nacional deverá ser observada para promover mudanças e adequações nos currículos dos cursos de Pedagogia e Licenciatura em todo o país.

É a primeira vez na história da educação do Brasil que um escopo normativo deverá orientar as políticas públicas de formação de professores inclui uma matriz de competências organizada nas diversas dimensões presentes na atuação dos docentes de educação básica. Há três dimensões da formação inicial que devem também ser consideradas na formação continuada, que são:

  1. conhecimento profissional
  2. prática profissional
  3. engajamento profissional

A partir do conhecimento da BNC, os profissionais da educação deverão começar a colocar em prática as competências gerais exigidas pelo documento que será de fundamental importância para a formação inicial e continuada dos professores brasileiros.

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